segunda-feira, 18 de maio de 2015

José Ignácio Nogueira e Maria Antônia Geracina

José Ignácio Nogueira e Maria Antônia Geracina


José Ignácio Nogueira nasceu em maio de 1875 na cidade de São José da Boa Vista, Paraná, Brasil, foi batizado em 24 de junho de 1875 na mesma localidade, era filho de Antônio Pereira de Magalhães e Marianna Augusta Nogueira. Tinha por nome de batismo José Pereira de Magalhães. Os padrinhos de batismo são o avô paterno Mariano Pereira de Magalhães e a avó materna Mariana (Delfina) da Luz.


Os motivos que levaram a mudança de nome na vida adulta são desconhecidos, no entanto, sabe-se que os netos o chamavam de vô Mariano e, acredito que ele deveria se parecer muito com sua mãe Mariana Augusta Nogueira, ou mesmo, com um dos avós Mariana Delfina da Luz ou Mariano Pereira de Magalhães, por isso deve ter recebido este apelido. Mais tarde ele mesmo assinava como José Mariano.

Foto: Registro de Batismo de José Ignácio Nogueira


José Ignácio casou-se no civil com Maria Antônia Geracina no dia 18 de dezembro de 1899 em Itaporanga, São Paulo e no religioso no dia 01 de janeiro de 1900 na paróquia da mesma cidade. Neste dia houveram vários casamentos, nesta localidade, parece que todos quiseram aproveitar a mudança dos anos 1800 para os 1900. Maria Antônia Geracina é filha de Joaquim Antônio de Oliveira e Maria Victória Geracina (Sandoval). 


José e Maria tiveram 9 filhos:
1. Maria, nascida e falecida em 1902, na cidade de Itaporanga, São Paulo.
2.   Joaquim Nogueira nasceu em 19/dez/1904 em Itaporanga, São Paulo e faleceu em 10/abril/1984 em Congonhinhas, Paraná.
Joaquim Nogueira, casou em 1926 com Francisca Ribeiro de Mello, em Tomazina, Paraná e tiveram os seguintes filhos:
2a. Jorge Nogueira
2b. Ciro Nogueira
2c. Jaime Nogueira
2d. Gerson Nogueira
2e. Hilda Nogueira
2f. Jonas Nogueira
2g. João Nogueira
2h. Noel Nogueira
2i. Áureo Nogueira
2j. Áurea Nogueira
3.   Agenor Nogueira nasceu em 25/nov/1907 em Itaporanga, SP,  casou por volta de 1932 em São Paulo-SP, com Helena Nogueira (Nascido por volta de 1910), faleceu em 1943 em Curiúva-PR, sem deixar filhos.
4. Wanderico Nogueira nasceu em 29/jun/1909 em Itaporanga, SP, e faleceu em 21 de junho de 1971 em Curitiba, PR. Casou com Antônia Maria Batista Ribeiro com que teve cinco filhos.
3a. Maria Madalena Nogueira
3b. Irene Nogueira
3c. João Batista Nogueira
3d. Laura Nogueira
3e. Áurea Nogueira
  Wanderico ficou viúvo em 1963 e casou novamente com Lucrécia Soares em 1966, com quem teve dois filhos. Wanderley Nogueira que viveu apenas 5 meses e Marlene Nogueira.
4.  João Nogueira nascido em 03/jun/1911 em Itaporanga, SP, casou em primeiras núpcias com Maria do Carmo dos Santos e tiveram apenas uma filha chamada Joana D'Arc.
De seu segundo casamento com Cecília Gonçalves dos Santos, teve três filhos. Linda, Margareth e João.
5.  Luís Nogueira nascido em 1914, em Itaporanga, SP  faleceu no mesmo dia que sua mãe.
6. Laura Nogueira nasceu em 17/abr/1915, também em Itaporanga, SP e faleceu em 24 de junho de 1940. Não se casou e não deixou filhos.
7.  Pedro Nogueira, nascido em 30/abr/1917, Itaporanga, SP, casou com Florisa com quem teve três filhos Luis, Letícia e Pedro.
8.  Jorge Nogueira nascido em 06/maio/1919, Itaporanga, SP, falecido em 03 de julho de 1919.
9. Natimorto do sexo feminino criança que foi chamada de "Benedita" em 26/jun/1923.

O motivo de citar este bebê natimorto é contar que devido a este parto, Maria Antônia adoeceu e faleceu, quase um mês depois, no dia 18 de julho de 1923, em Itaporanga. Mas, há ainda, outra história envolvendo seu falecimento. Sempre contavam que em seu leito de morte e sentindo já suas forças esvaírem-se Maria disse que morreria, mas levaria seu filho Luís Nogueira com ela. Ora, o menino Luís estava com 9 anos e brincava no quintal, após seu falecimento foram procurar o menino e este também havia morrido. Depois que se encontrou os registros de óbito de ambos, esta história ficou comprovada. De fato, Luís faleceu no mesmo dia que a mãe. 

FOTO: Joaquim Ignácio Nogueira (cabelos e barba brancos, sentado ao centro).
Em pé, da esquerda para direita as netas Irene Nogueira, a pequena Letícia, o neto Ciro (filho de Joaquim Nogueira), Pedro Nogueira (com a mão sobre o ombro da esposa Floriza), Joaquim Nogueira, os netos Áureo, João , Jaime, Wanderico Nogueira.
Sentados Floriza, (esposa de Pedro) Francisca (primeira esposa de Joaquim com o bebê Noel no colo), Joaquim Ignácio Nogueira, Laudelino e sua esposa Margarida (pai e madrasta de Florisa), Antônia Maria (esposa de Wanderico em pé atrás), e a neta Áurea.
No chão sentados os netos Jonas, Hilda, Áurea, Gerson , Laura e João . ( Ibaiti,1948)

José Ignácio resolveu então retornar a sua terra natal. Pegou duas mulas, ajuntou seus poucos pertences e acomodou juntamente com os filhos pequenos em cestos colocados sobre o lombo dos animais e seguiu viagem para São José da Boa Vista, Paraná. Acredito que o motivo da mudança seria principalmente a busca pelo apoio da família na criação dos filhos menores, uma vez que ele e os maiores precisavam prover o sustento da família. José Ignácio nunca mais se casou.

Depois que veio morar no Paraná, José Ignácio começou a trabalhar na abertura das estradas do "Norte Pioneiro" do estado. Na época da foto abaixo ele era o administrador de obras. Interessante notar que era conhecido como 'José Mariano'.




FOTO: José Ignácio Nogueira (José Mariano) o terceiro da direita para a esquerda em construção de estrada em Tomazina, Paraná em 1928.

FOTO: Verso da foto acima: “Início da campanha da construção da Estrada Thomazina a (...). Administrador José Mariano - O Prefeito Otávio A.(Alencar) de Lima”. Na época prefeito e Tomazina, em 5 de maio 1928.

José Ignácio tinha olhos azuis e cabelos louros, seus netos contam que ele era extremamente caprichoso, tanto com a aparência pessoal como com sua casa. Dizem que apesar de morar sozinho sua casa era muito limpa e organizada. As prateleiras tinham toalhinhas e sobre elas eram colocadas suas latas de mantimentos, tudo próximo ao fogão de lenha. Sua casa era simples, de madeira e o chão de tábuas largas. 

Foto: José Ignácio Nogueira com 79 anos - (1954)

Os netos queriam saber a aparência da avó que falecera muito antes de nascerem. O avô José Mariano dizia: "Olhem para a Hilda e saberão como era sua avó".


domingo, 1 de março de 2015

O início

A ideia de construir este blog é compartilhar com os membros da família, amigos e interessados, a pesquisa que tenho realizado por mais de 20 anos e a história dos antepassados que foi possível resgatar. As informações que serão aqui postadas são de grande valor para todos os que gostam de História da Família e Genealogia. Espero que, ao lerem, possam também contribuir, me corrigindo, se alguma informação estiver errada e, também, com novas histórias, fotografias e informações sobre os antepassados e suas origens. Agradeço a minha sogra "Áurea Nogueira" por ter cedido seu diário, do qual transcreverei alguns trechos. Muito obrigada a todos.

"Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas" Cora Coralina




Wanderico Nogueira e Antônia Maria Batista Ribeiro

Wanderico Nogueira nasceu em 29 de junho e 1909 em Itaporanga, São Paulo, filho de José Ignácio Nogueira e Maria Antônia Geracina, casou com Antônia Maria Batista Ribeiro em 08 outubro 1932 em Quatiguá, Paraná, Brasil. Antônia Maria nasceu em 03 de agosto de 1916 em Quatiguá, Paraná, e era filha de Ananias Batista Ribeiro e Escolástica Maria de Jesus.

Suas duas primeiras filhas - Maria Madalena e Irene Nogueira - nasceram em uma localidade chamada Patrimônio do Café que pertencia a Ibaiti ou Salto do Itararé, Paraná. Depois moraram em Quatiguá, Paraná onde nasceu João Nogueira, seu terceiro filho, durante este período trabalhavam com agricultura. Depois nasceram mais duas filhas Laura e Áurea Nogueira, ambas em Ibaiti, Paraná.

Sobre seu pai Áurea Nogueira conta: " Meu pai, Wanderico Nogueira, nasceu em 1909 em Itaporanga, São Paulo, ficou órfão de mãe quando criança. Ele não cursou nem as quatro primeiras séries do ensino fundamental, deve ter permanecido na escola por uns 2 ou 3 anos. Ele nos contava sobre o castigo da palmatória que existia na escola. Devido aos poucos anos de bancos escolares, tinha a instrução que a vida lhe proporcionou: discutia política, economia, direitos e deveres dos cidadãos, filmes que às vezes assistia no cinema, em sua época não havia televisão. Ele escrevia com a mão esquerda. Meu pai era muito ativo e trabalhador.(...) Meus pais trabalhavam na lavoura e eram bastante humildes, moravam no sítio de outros e trabalhavam muito. Meus irmãos nasceram em condições bastante precárias, sem nenhum conforto. Minha mãe os levava para a roça e os deixava embaixo dos cafezais para plantar, colher ou mesmo capinar, junto com meu pai. Eles às vezes comiam terra ou frutos do cafeeiro, por falta de alguém que os cuidasse. Um dia meu pai disse para minha mãe: "- Isso aqui não é lugar para se criar filhos, vamos vender a carroça, os cavalos e o que colhermos na lavoura e mudarmos para a cidade." Nesta mesma época Wanderico ficou doente ao contrair malária. A família mudou-se para Ibaiti por volta de 1942 e foram morar com José Ignácio Nogueira até seu restabelecimento. 

Em Ibaiti, Wanderico começou a trabalhar como comerciante e também com transporte de cargas para abastecimento do comércio da região. 
"Meu pai mudou-se para Ibaiti, a cidade estava no início de seu desenvolvimento; é uma cidade acidentada, lá não existia carros, nem caminhões para transporte; meu pai comprou uma carroça, alguns cavalos e burros e ia todos os dias à estação ferroviária buscar as mercadorias que chegavam de trem e as levava para os comerciantes e cobrava pelo seu trabalho. Os animais descansavam no quintal de casa, também tínhamos uma vaca para nos dar leite. Meu pai era bastante nervoso e impaciente, quando os burros empacavam, isto é, estavam com preguiça ou cansados pelo trabalho (os animais se cansavam porque a cidade tinha muitas subidas e a estação ferroviária era localizada na parte mais baixa da cidade), ele descia da carroça e mordia as orelhas dos animais para descarregar sua raiva. 
Com seu trabalho meu pai foi melhorando de situação e comprou um botequim da estação, onde eram vendidos café, coxinha de galinha e pastéis. Todas as tardes e manhãs o trem passava e nós íamos levar os pastéis, as coxinhas e uma enorme chaleira de café para meu pai vender no botequim; minha mãe se encarregava de fazê-los. (...) As coxinhas de galinha que ela fazia eram deliciosas, chamavam-se 'encapotados', pena que não aprendemos como fazê-las, lembro que eram feitas de polvilho, farinha de milho e pedaços de carne de galinha e depois eram fritos em óleo quente.
Após alguns anos de trabalho no botequim, eu devia ter uns cinco ou seis anos, meu pai construiu nossa primeira casa e junto dela um bar e panificadora. Todas as noites faziam pães e depois os vendiam e até existia um funcionário que os levava  numa carrocinha puxada por um cavalo, para que fossem vendidos nas fazendas próximas da cidade."